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12 fevereiro 2004








\RECORTE\ - NOTÍCIAS DA AMADORA - 11-02-2004


Moradores formam plataforma
Projecto CRIL só aceite com qualidade de vida


Moradores da Amadora e Lisboa, da zona de construção do troço da
CRIL entre a Buraca e a Pontinha, uniram-se numa plataforma única para contestarem o projecto do Instituto das Estradas de Portugal e exigirem uma solução que garanta a sua qualidade de vida.

O ministro Carmona Rodrigues admitiu em declarações à imprensa que a CRIL passará um túnel junto à Damaia de Baixo e Bairro de Santa Cruz de Benfica. Mas os moradores querem garantias e uma solução que satisfaça as exigências de todos os que habitam ao longo do traçado projectado.

Os moradores junto ao traçado da circular regional interior de Lisboa (CRIL) vão criar uma plataforma de acção com o objectivo de protestar contra o projecto do Instituto das Estadas de Portugal (lEP) para construção do sublanço Buraca/ Pontinha.

A primeira reunião das várias comissões decorreu na passada segunda-feira e reuniu moradores de Alfornelos, Damaia, Venda Nova, Portas de Benfica e bairro de Santa Cruz de Benfica. A constituição de comissões começou durante a consulta pública do projecto, mas «trabalhavam separadamente». Todavia, para que «o protesto seja mais convincente e a consciencialização das pessoas maior, é preciso unir esforços», afirma Paulo Ferreira, da Comissão Cívica de Moradores de Alfornelos. Os governantes «têm a obrigação de auscultar a população e defender os seus interesses».

Os moradores reconhecem que a conclusão a CRIL «é uma obra necessária», mas «não deve ser feita à custa da perda da qualidade de vida das pessoas que moram junto ao traçado há vários anos».

A segunda reunião da plataforma vai decorrer no final desta semana com o objectivo de decidir «medidas e acções de protesto contra o projecto do lEP. De uma forma ou outra, a obra vai afectar todas localidades por onde passa».

A decisão dos moradores foi tomada na mesma altura em que o mi¬nistro das Obras Publicas, Transportes e Habitação, Carmona Rodrigues, afirmou ao «Diário de Notícias», no passado dia 8, que a CRIL deverá atravessar a zona do bairro de Santa Cruz de Benfica em túnel. A solução técnica a adoptar para toda a extensão do troço, «nomeadamente para outros dois pontos polémicas do traçado - Portas de Benfica e Alfornelos - deverá ser conhecida dentro de três semanas».

Segundo declarações do governante, factores como o ambiente e a segurança rodoviária «são importantes para a tomada de decisão e não será a questão financeira que se vai sobrepor». A obra de construção será objecto de um concurso público internacional que deverá ser lançado após a divulgação da solução escolhida pelo governo para todo o traçado. Ainda segundo o ministro, as obras deverão começar no final deste ano e vão contar ainda com verbas do III Quadro Comunitário de Apoio.


GOVERNO NÃO DEMOVE MORADORES

A opção do governo pela construção do túnel não demoveu os moradores, tanto mais que «não abrange todo o traçado», afirma Paulo Correia. A adesão da comissão de moradores do bairro de Santa Cruz de Benfica à plataforma «é um sinal evidente de descontentamento em relação ao túnel. O próprio ministro reconhece que, além deste, existem mais dois pontos polémicos ao longo do traçado».

O executivo de Durão Barroso «deve tomar consciência» que a execução do sublanço de acordo com o projecto do Instituto das Estradas vai «afectar a vida de milhares de pessoas». Na freguesia de Alfornelos a construção desta via, conjuntamente com o IC16 e a Radial de Benfica, «vai emparedar cerca de 14 mil pessoas. Ao isolamento forçado soma-se a degradação do património habitacional e a perda de qualidade de vida».

A adesão à plataforma por parte dos moradores de Algés, que habitam junto ao viaduto da CRIL, é considerada «um passo importante». Recentemente, o Estado foi obrigado a indemnizar estes moradores pela perda de qualidade de vida. «É um exemplo de uma obra mal planeada que está a ter consequências negativas junto da população. Algumas das pessoas já recorreram a consultas de psiquiatria por causa dos distúrbios causados pela passagem dos carros».

Desde Dezembro do ano passado que o movimento de protesto ao projecto do IEP aumenta. Apesar das acções não terem muita visibilidade pública, as «pessoas não estão de braços cruzados e têm desenvolvido algumas iniciativas».

Na semana passada, a Comissão Cívica de Moradores de Alfornelos reuniu com o presidente da Câmara Municipal da Amadora e com o vereador responsável pelo pelouro da rede viária. Mas, segundo Paulo Ferreira, a reunião «foi inconclusiva e não acrescentou nada de novo a este processo».

Na passada terça-feira, os moradores reuniram, a pedido da Comissão Cívica dos Moradores de Alfornelos, com a comissão parlamentar das Obras Públicas, Habitação e Transportes. Até à hora de fecho desta edição ainda não eram conhecidos os resultados deste encontro.

PANOS PRETOS NAS ÁRVORES

A população da Damaia-de-Baixo colocou, no fim-de-semana passado, vários panos pretos nas árvores situadas junto ao traçado da CRIL. «Foi uma forma de atrair a atenção para um problemas que vai passar a escassos metros de alguns edifícios», afirma Fátima Cardina, da Comissão de Moradores da Damaia-de-Baixo. Acrescentou que a solução do túnel não desagrada às pessoas, na medida em «que pode minimizar os impactos negativos da via».

No entanto, a moradora adverte que a solução prevista pelo Instituto das Estrada «não passa de uma vala coberta que não comporta nada à sua superfície apesar de no projecto ser designada como túnel».

Depois da colocação de vários panos pretos nas janelas das casas em meados do ano passado, os moradores do bairro de Santa Cruz de Benfica abandonaram as acções mediáticas mas não ficaram de braços cruzados. Recentemente tornaram públicas as posições de alguns técnicos do IEP que manifestaram, em reuniões no Instituto do Ambiente, algumas reticências em relação à construção da vala coberta prevista no projecto.

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