Marcha de moradores contra a CRIL
Pedro Cerejo
A plataforma de associações de moradores afectados pelo projecto de construção do último troço da Circular Regional Interna de Lisboa (CRIL), entre a Buraca e a Pontinha, realizou ontem uma marcha contra o trajecto proposto pelo Instituto de Estradas de Portugal (IEP). As reivindicações gritadas nas palavras de ordem foram alteradas à passagem em cada bairro.
É bem conhecida a contestação ao traçado proposto pelo IEP por associações de moradores de seis bairros dos concelhos de Lisboa e Amadora. A marcha organizada pela plataforma - que junta habitantes de Alfornelos, Pedralvas, Portas de Benfica, Venda Nova, Damaia e Santa Cruz de Benfica - contou com a presença de 60 moradores e a solidariedade da Câmara da Amadora (que se fez representar pelo vereador da Rede Viária) e do Partido Ecologista "Os Verdes", que endereçou uma mensagem.
A marcha iniciada na Damaia de Baixo, de onde se avista o viaduto da Buraca do outro lado da linha férrea, percorreu em hora e meia os 3500 metros que distam até Alfornelos e ao Nó da Pontinha.
A palavra de ordem congregadora das reivindicações de todos foi "CRIL sim, assim não!", mas as exigências de cada bairro foram sendo explicadas a cada ponto problemático. Logo na Damaia de Baixo, José Clemente explicou ao JN que os moradores pretendem a construção de um túnel em profundidade e não uma vala aberta. "Túnel sim, vala não!" foi a palavra de ordem.
Alternativa
O vereador da Câmara da Amadora, Gabriel Oliveira, lembra o projecto alternativo apresentado pela autarquia que resolveria os problemas maiores do traçado: um túnel inicial de 1600 metros entre a Damaia e Alfornelos e o resto do traçado em viaduto, que utilizaria os terrenos da actual escola secundária de Alfornelos, passando o futuro IC16 noutro túnel. O autarca recorda que esta proposta chegou a obter, em 1999, o parecer favorável do IEP.
A primeira paragem foi no Nó da Damaia: "Túnel sim, Nó não!", foi o slogan gritado. As Portas de Benfica, que no projecto do IEP serão ultrapassadas por um viaduto que atingirá a altura de onze metros, foram o ponto seguinte, com os gritos "Túnel sim, viaduto não!".
Seguindo a Estrada Militar, a marcha passou junto ao bairro lisboeta de Pedralvas para gritar contra o nó previsto, voltando a exigir o túnel. Logo a seguir, na Venda Nova, foi contestada a demolição de sete edifícios para a construção do viaduto que ligará a Alfornelos.
Chegados a este troço final, os manifestantes gritaram "CRIL sim, emparedados não!", tendo Paulo Ferreira, da comissão local, explicado que a freguesia de Alfornelos ficará "completamente cercada" por três vias de grande movimento: a CRIL(que passará à altura de um quinto andar), o IC16 (Radial da Pontinha) e a Radial de Benfica.
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